O que o Ágora Negra representa
"Acredito que a visão e direção do Coletivo Ágora Negra é criar um ambiente onde possamos nos sentir a vontade e seguros para retratarmos como é ser um negro no país de hoje. Nossas histórias, trajetórias e enfrentamentos diários ao qual somos obrigados a confrontar, o peso e força que o racismo impõe à sociedade afro-brasileira.
Cada um de nós, todos nós, lidamos com o preconceito, a exclusão, a dor da luta, e a pobreza, seja ela física ou de espirito, vivenciamos constantemente essa batalha, e é com pesar que algumas vezes percebemos que a maior dor de toda essa luta é pensar em uma nova alternativa de saída.
Quando iniciamos o Ágora Negra uma de nossas certezas e linha de pensamento era buscar a dedicação com relação a questão racial, conhecer nossa cultura e principalmente acompanhar as politicas publicas voltadas para as violações raciais. O projeto Jovem Negro Vivo divulgado e amparado pela Anistia Internacional é um exemplo da nossa carência com relação a proteção da comunidade negra no Brasil, o desempenho de violência policial que vitimam negros é explicito.
Acredito que o que move o Coletivo, embora ainda pequeno, é saber que hoje nós nos representamos, mesmo que em minoria, estamos buscando nosso espaço e nossa identidade, fazendo parte de algo maior, onde temos como objetivo a valorização da cultura negra, o registro da identidade afro-brasileira, os debates raciais e o combate ao racismo.
O Ágora Negra, para nós do Coletivo é um lugar de conversa, de poder se abrir e falar da opressão que sentimos, o preconceito, a perda e tudo que fica aflorado em todos nós quando somos hostilizados. O Coletivo é o pilar, que vem para amparar, lutar e reafirmar nosso movimento negro, nossa identidade e militância, ainda que mínima, neste sistema distorcido ao qual fazemos parte.
Ainda vivemos em uma sociedade branca e elitizada que acredita que iremos permitir aos senhores feudais do século XIX que governem o século XXI, mas nós não vamos deixar!
Somos o Coletivo Ágora Negra, buscamos nossos direitos e a autonomia por nossa voz."
Maria Fernanda Carvalho Pio
Integrante do Coletivo Ágora Negra
Acadêmica do curso de Direito da UEMG Frutal
